"PAÇOCA NO PILÃO" (1Rs 17,7-16)
Pe.
Natalício.
Nas
terras que eram do papai lá em Minas Gerais, podíamos cultivar milho,
feijão, algodão, arroz (nas margens dos córregos), cana para rapadura e
mandioca. Era um pouquinho de cada coisa. Uma grande parte da
propriedade era cerrado e servia apenas criar vacas com seus bezerros.
As roças eram para nossa sobrevivência. Quase não precisava fazer
compras. Com o milho podiamos criar galinhas e porcos. Tínhamos o moinho
para fazer fubá e o engenho para fazer rapadura. Mamãe tinha o tear pra
fazer nossos cobertores e nossas roupas. Frutas e verduras eram
produzidas nas roças e hortas. Era uma vida simples e tranquila.
Para fazer a farinha de mandioca papai usava parte do equipamento do
moinho de fubá. Tirava a pedra de cima e adaptava a roda. Com uma corda
de couro de boi, a roda girava o bolinete que ralava as mandiocas que
eram descascadas e lavadas pelas crianças (eu e meus irmãos). Da mesma
forma que a água girava a pedra para moer o fubá, girava tambem a roda
para ralar a mandioca. Depois da mandioca ralada a massa era levada para
a prensa onde passava a noite toda escorrendo água e, só de manhã, era
sovada e levada ao forno. Era uma chapa de pedra com fogo em baixo.
Depois de algum tempo, movimentada de um lado para outro com um rodo
especial, a farinha ficava pronta. Ao passar na peneira, tirava a parte
mais grossa que era chamada "croeira". Quando bem sequinha podia ser
socada no pilão.
Socar no pilão era serviço pra crianças. Quanto trabalho na "mão de
pilão". Aquilo machucava muito a mão da gente. Muitas coisas podiam ser
socadas no pilão. Mas o mais gostoso era a paçoca de carne de porco.
Carne bem frita socada com farinha de mandioca. Era bom demais. Eu gosto
até hoje. De vez em quando, Dona Senhorinha, aqui de Marilândia manda
um pouco pra mim. Claro que não é socada no pilão. Mas é bom de mais...
Este gesto me faz lambrar do Profeta Elias. Uma viuva bem pobre fez
comida para ele com o resto da farinha que tinha. Ela e seu filho iriam
morrer de fome depois. Mas aquela caridade transformou sua vida em
fartura e nunca mais teve fome. O texto é esse:
"'Não te preocupes! Vai e faze como disseste. Mas, primeiro, prepara-me com isso um pãozinho, e traze-o. Depois farás o mesmo para ti e teu filho. Porque assim fala o Senhor, Deus de Israel: 'A vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá, até ao dia em que o Senhor enviar a chuva sobre a face da terra '. A mulher foi e fez como Elias lhe tinha dito. E comeram, ele e ela e sua casa, durante muito tempo. A farinha da vasilha não acabou nem diminuiu o óleo da jarra, conforme
o que o Senhor tinha dito por intermédio de Elias" (1Rs 17,7-16). Deus é
maravilhoso! Jesus sabia disso e falou da recompensa até para um copo
d'água. Tudo o que fazemos a alguem por ser discípulo Dele tem
recompensa (Mt 10, 42).
Devemos
cultivar o prazer em fazer o bem para os enviados do Senhor. Tenho medo
de que as doutrinas modernas possam destruir esse sentimento bonito.
Mas Jesus prometeu que não nos faltaria nada! Mas também prometeu
perseguição. Iremos receber 100 vezes mais, com perseguição. Ele mesmo
foi perseguido. Mas acredito que sempre haverá pessoas que irão praticar
a caridade e acolher bem os enviados do Senhor. Sei também que a
recompensa será garantida neste mundo e na Vida Eterna. Creio nisso!
Prego isso! Trabalho pra isso! E que ASSIM SEJA...
ORAÇÃO:
Ó Deus, Pai de Poder!
Pelo Vosso Poder Infinito:
- Dai-nos a Graça de sempre praticarmos a caridade!
- Fazei-nos sempre acolhedores dos Vossos Profetas!
- Não permitas que sejamos gananciosos e egoistas!
- Recompensai a todos que praticam a solidariedade!
- Confirmai nossa gratidão pela caridade daquela viuva...
AMÉM.
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