"A SERRA E O SERRADOR" (Is 10,5-7.13-16)
Pe. Natalício.
Em sete de dezembro de 1968 eu completava 14 anos de vida. Morava com meus pais numa casa nova de tábuas de peroba e coberta de telha inglesa. Aquilo era um luxo para quem só viveu na pobreza! Entramos nela em 27 de setembro daquele ano, o ano da grande mudança. Havíamos chegado de Minas Gerais em julho e moramos por 3 meses numa casa muito velha de chão batido, cercada de tronco de coqueiro rachado pelo meio e coberto de tabuinhas. Essas tabuinhas eram de cajarana, ou marfim, canafrista e outras. Com o machado, derrubava a árvore e, depois cortava, com o traçador, pequenas toras de uns 30 centímetros de comprimento. Em seguida, com uma ferramenta especial, íamos lascando as tabuinhas que, depois de secas, eram pregadas, com pequenos pregos nas ripas, como se fossem telhas...
Esse tipo de trabalho não fazíamos lá em Minas Gerais. Não conhecia traçador. Não havia esse tipo de cobertura de casas. Usávamos a serra (que é diferente do traçador) para fazer tábuas que eram usadas nos currais e os chiqueiros dos porcos. Eu era criança, mas lembro-me de papai cortando algumas árvores naqueles cerrados e arrastando com a junta de bois até o lugar preparado para a serragem. Com o machado, aquela tora de angelin, vinhatico ou jacarandá; aroeira ou anjico era lavrada e preparada para se transformar em tábuas. O estaleiro era construido num lugar mais baixo, de tal forma que usando umas vigas, a tora de madeira era rolada e serrada com facilidade. Eram duas pessoas que usavam a enorme serra. Em cima da tora ficava o serrador principal e debaixo do estaleiro o cooperador que puxava o ponta da serra...
Aqueles homes (papai, tios e primos) manobravam aquele instrumeto com tanta facilidade que, em pouco tempo, aquela madeira se transformava em tábuas. Por algumas vezes, consegui ajudar puxando a ponta da serra. Sofri muitas vezes com o pó que caia nos meus olhos. Mas era um prazer poder colaborar naquela obra. Colocava toda minha força para ver a ferramenta entrar na madeira. Hoje, ao ler o Profeta Isaias falando da serra e do serrador, sinto uma saudade enorme daqueles tempos que não voltam mais. Claro que o Profeta fez uma comparação usando essa figura para profetizar contra os poderes assírios. "Acaso gloria-se o machado,
em detrimento do lenhador que com ele corta? Ou se exalta a serra contra o serrador que a maneja? Como se a vara movesse quem a levanta e um bastão erguesse aquele que não é madeira"(Is 10,5-7.13-16). Aqueles reis achvam que eram eles que podiam dominar as nações...
O Senhor Deus prometeu e mostrou que a serra faz uma grande obra, mas só com a força do serrador. Sozinha é incapaz de qualquer obra. Lembro-me de uma música que conta o diálogo das ferramentas. Cada uma se gabando como a mais importante. Até que o prego disse que nada seria possível se não fosse os braços do caboclo. Deus está no comando de todas as nossas ações. É bom não esquecermos disso! Por outro lado se agirmos errado Ele age contra nós. Veja a sequência da leitura: "Por isso o Dominador, Senhor dos exércitos, enviará contra aqueles fortes guerreiros o raquitismo e abalará sua glória com convulsões que queimam como fogo". Os fortes guerreiros vão ficar raquíticos. Terão convulsões terríveis! Deus está no comando! Creio nisso! Prego isso! E que ASSIM SEJA...
ORAÇÃO:
Ó Deus, Pai de Poder!
Pelo Vosso Poder Infinito:
- Não permitas que sejamos desobedientes às Vossas Ordens!
- Lembrai-nos sempre que o Senhor tem o comando de tudo!
- Convertei-nos para não praticarmos as obras do mal!
- Fazei-nos ferramentas eficientes no desempenho de Vossa Obra!
- Confirmai nossa ação de graças pelo Vosso Comando de Amor...
AMÉM.
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