"BOLO NO BORRALHO" (Gl 5, 1-6).
Pe. Natalício.
Nas terras onde nasci, não havia muito espaço agricultável. Mesmo assim, não era qualquer plantação que produzia. Por isso, nós não conhecíamos trigo e nem usava a farinha dele. Não era comum comer pão de trigo. As famílias faziam bolo e bolinho de fubá. O milho era mais resistente às secas e quase todo mundo comia. Era comum ao lado de cada casa ter um paiol onde guardava o milho para o ano todo. Muitas famílias possuíam o moinho tocado a água, onde transformavam o milho em fubá. Com o fubá, quantas comidas se podia e se pode fazer.
Uma das comidas que eu mais gostava era o bolo assado no borralho. Era mamãe que fazia isso caprichadamente. Numa gamela, ela colocava uma porção de fubá, misturava a rapadura raspada, colocava alguns ovos (de galinha caipira é claro), acrescentava uma quantidade de leite e umas pitadas de erva-doce, misturava tudo aquilo, amassava muito bem com as mãos e estava pronto para ir ao borralho. Com uma faca bem afiada cortava palhas secas de espigas de milho, molhava essas palhas e embalava as várias porções daquela mistura, amarrava bem e colocava debaixo do borralho da fornalha.
Aquilo ficava assando a madrugada toda e na manhã seguinte, quando papai ia pro engenho moer a cana, a comida estava pronta. Mamãe colocava os pacotes numa bacia e levava até a varanda do engenho onde iríamos comer depois. Ficávamos ansiosos pra chegar esta hora! Aquilo era muito gostoso! De qualquer forma, frio ou quente, era muito bom! Tenho vivo na mente o sabor e o cheiro daquele produto mineiro. Somente depois de mudar para o Paraná é que ficamos conhecendo farinha de trigo e fermento, produtos necessários na fabricação de pão caseiro.
Lembro-me das bacias em cima de uma mesa com a massa fermentando. Havia um pano cobrindo a bacia e dava pra escutar os "poc-poc" da fermentação. Aquilo era muito curioso! Mais tarde, quando adquiri minha primeira Bíblia, e li o que Jesus falou sobre o fermento na massa, consegui entender claramente! Todo povo cristãos deve ser como fermento que vai transformando a sociedade lentamente. Mas, ao mesmo tempo, cada pessoa deve ter a vida fermentada pela Fé. Quando isso acontece a pessoa torna-se cristã praticante, não só dos rituais e das orações mas principalmente da Caridade.
Sobre isso o Apóstolo Paulo escreveu na Carta aos Gálatas no capítulo 5: "Quanto a nós, que nos deixamos conduzir pelo Espírito, é da fé que aguardamos a justificação, objeto de nossa esperança. Com efeito, em Jesus Cristo, o que vale é a fé agindo pela caridade; observar ou não a circuncisão não tem valor algum" . Podemos notar que o Apóstolo fala da "Fé agindo pela Caridade" (Gl 5, 1-6). De fato, não adiantaria nada ter Fé sem ter Caridade. O mesmo Apóstolo afirma que a Caridade é o bem maior. O Dom Supremo! (1Cor, 13).
É importante notar que o fermento trabalha quase que silenciosamente. Quase ninguém percebe! Mas, tem um efeito fantástico! A verdadeira Fé, em nós, deve ter o mesmo efeito. Em tempos missionários, é muito significativo o testemunho dos cristãos na divulgação do Evangelho pelo mundo todo. As vezes é apenas uma pessoas ou um grupinho de pessoas que consegue chegar a um povoado, ou cidade, ou continente! Mas esse pequeno grupo, como uma dose de fermento, vai motivando outras pessoas para o seguimento de Jesus. Todos podemos fazer um pouco, inclusive pela oração e a contribuição financeira. O pouco com Deus é muito! Creio nisso! Prego isso! Trabalho pra isso! E que ASSIM SEJA...
ORAÇÃO:
Ó Deus, Pai de Poder!
Pelo Vosso Poder Infinito:
- Não permitas que nossa Fé seja fria!- Fazei que nosso testemunho cristão transforme a comunidade em que vivemos!
- Despertai muitas e Santas Missões Populares!
- Perdoai-nos pelas vezes que somos desanimados na Missão!
- Acolhei nossa gratidão pela Obra Missionária nos vários continentes!
AMÉM!
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