"ROTOR DO FUSCA" (Sb 2, 1a. 12 - 22).
Pe. Natalício.
No
meu tempo de criança gostava demais de andar de carro. Sempre que era
possível, estava dentro de um. Mas era muito raro. Só quando papai
vendia algodão é que o comprador, quase sempre o Sr. Albino, vinha com
um caminhão para fazer o carreto. Aquilo era uma festa pra mim e pra
meus irmãos. Outras vezes, conseguíamos uma carona no jeep do Padre,
quando ia rezar missas. Padre Jessé costumava dormir na casa do Antonio
de Castro e Letícia. Algumas vezes, na ida pra casa da Família,
levava-nos até na metade do caminho. Além de não ter que andar no escuro
naquela pedreira, ainda saboreava um pouquinho do carro todo
empoeirado. Mas era muito bom. Uma delícia... Foi este Padre que fez
minha primeira comunhão e convidou-me pela primeira vez para ir ao
seminário para ser Padre. Já é falecido...
Padre Jessé era Sacerdote Redentorista e morava em Curvelo. Usava
constantemente uma batina preta e atendia o Distrito de Paraúna que
depois se tornou município e Paróquia. Era um padre humilde e tinha
muita firmeza no que dizia. Pregava com segurança e não tinha medo da
verdade. Muitas vezes tinha que dizer coisas que algumas pessoas não
gostavam. Com isso, começou a sofrer perseguições. Mas não desistia do
seu trabalho. Passava horas e horas atendendo as confissões procurava
aconselhar a todos para abandonarem o caminho do pecado, do vício e do
erro. Foi com ele que confessei pela primeira vez, em 1961, com 7 anos
de idade...
Padre Jessé nunca recusava atender confissões! De dia ou de noite, a
qualquer hora, onde quer que fosse lá ia o homem de Deus, franzino e de
batina preta. Conta-se que em certa noite, já bem tarde, alguém o chamou
por telefone para ir atender a confissão de alguém que estava muito
mal. Anotou o endereço e se foi. Ao chegar no local, percebeu que era um
bordel. Era uma rua distante do centro da cidade. Mas, mesmo assim,
aproximou-se para atender a quem estava doente. Entrou com seus
paramentos eclesiásticos e falou do atendimento que viera fazer.
Disseram que ali não havia ninguém doente. Teria sido um engano. O Padre
saiu e ao dar a partida no carro não foi possível. Alguém havia tirado
uma peça do motor. Fusca não funciona sem rotor.
Era uma armadilha. Os perseguidores chegaram, tiraram sua batina e
telefonaram para o seu superior para denunciá-lo. Que tipo de lugar que
estava frequentando. Essa e muitas outras armadilhas foram feitas contra
ele. Mas não abandonou a missão. Perseguir os operários de Deus não é
novidade. A Bíblia, no Livro da Sabedoria fala disso. "Dizem entre si,
os ímpios, em seus falsos raciocínios: 'Armemos ciladas ao justo, porque
sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende
em nós as transgressões da lei e nos reprova as faltas contra a nossa
disciplina. Ele declara possuir o conhecimento de Deus e chama-se 'filho
de Deus'... Vamos condená-lo à morte vergonhosa, porque, de acordo com
suas palavras, virá alguém em seu socorro..." (Sb 2, 1a. 12 - 22).
Sempre
foi assim! As trevas perseguindo a Luz! Assim foi com os Profetas, com
Jesus Cristo, com os Apóstolos e com tantos Santos e Santas ao logo da
história da Igreja. Jesus afirmou que, felizes seremos quando nos
perseguirem por causa Dele e de seu Evangelho. Triste será quando não
formos mais perseguidos. É muito triste ser perseguido por praticarmos o
mal. Mas a perseguição por causa do bem é fonte de felicidade. O
problema que os inimigos raramente perseguem-nos violentamente. Agora
somos seduzidos para segui-los. Infelizmente alguns dos nossos estão
sendo atraidos e enganados. Precisamos ficar atentos e perseverar no
Caminho do Senhor. Creio nisso! Prego isso! E que ASSIM SEJA...
ORAÇÃO:
Ó Deus, Pai de Poder!
Pelo Vosso Poder Infinito:
- Protejei-nos das armadilhas do inimigo!
- Dai-nos forças para suportarmos as perseguições!
- Não permitas que sejamos seduzidos para o mau caminho!
- Desarmai as ciladas que armam contra Vossos Servos!
- Recebei nossa Ação de Graças por Vossa Constante Proteção...
AMÉM!
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