"CHAPÉU PANAMÁ" (Rt 1,1.3-6.14b-16.22)
Pe. Natalício.
Antes de ir para o Seminário, eu morava com a minha família num sítio de
cinco alqueires, no município de Ivaiporã. Desde criança trabalhei na
roça com minha família. Mesmo quando morávamos em Minas Gerais. Lá era
mais sofrido. Aqui havia mais terra fértil. Havia muitas famílias
morando perto de nós. Todos trabalhando na terra. Platando e colhendo!
Até mesmo as mulheres iam pro "batente". O serviço era manual, desde o
plantio até a colheita! Era muito comum ver nos pequenos "eitos" de
roça, a família toda trabalhando. Nem mesmo as criaças escapavam!
Com
chuva ou sol quente, havia sempre trabalho a fazer. Para proteger das
intempéries, havia os equipamentos próprios. Camisa de manga longa e
calças compridas e quem podia comprava uma botina ou uma bota de cano
longo. Muitas vezes usávamos umas botas de plástico, que se chamavam
"verlon" e provocavam um chulé terrível! Era comum nos dias de sol
quente, todo mundo usar chapéu de palha aba larga, eram chamados de
chapéu panamá. Podíamos ver de longe as pessoas trabalhando com aquele
enorme chapéu branco na cabeça. As vezes era chamado também de chapéu
baiano.
Minhas
irmãs não eram diferentes. Lembro-me muito bem da Ana e da Cassiana
suando a roupa naquelas terras quebradas. Havia muitas moças naquele
tempo que faziam a mesma coisa. As meninas do senhor Joaquim Mineiro, do
"seu" Esmeraldo e as meninas do tio Pedro. Uma das meninas do tio Pedro
se chamava Cidinha e ela e minha irmã Cassiana eram muito amigas.
Estavam sempre juntas e conversando muito. Mesmo na roça com sol quente
ou indo na Capela rezar estavam sempre juntas. Era uma amizade forte e
bonita!
Mesmo depois do casamento da Cidinha a amizade continuou e trocavam
muitas confidências, até mesmo sobre o namoro sofrido da Cassiana.
Sempre admirei esta amizade! Quando a Cassiana faleceu, criou-se um
vazio muito grande. A morte provoca um vácuo enorme nas grandes
amizades. A Bíblia fala de algumas amizades maravilhosas! Afirma também
que, quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro! O próprio Senhor
comunicou que não há maior Amor que doar a vida aos amigos.
Entre as grandes amizades que a Bíblia apresenta, recordo agora a
história de Rute e Noemí. Noemí tinha dois filhos que conseguiram duas
noras pra ela. Eram mulheres de povos estrangeiros e moravam em países
estrangeiros. Quando as tres ficaram viúvas. Noemí que era judia,
resolveu voltar para sua terra. As duas noras queriam segui-la. Mas,
a sogra viúva pediu que as duas ficassem no seu país e com o seu povo.
Uma delas aceitou, Rute porém, quis segui-la. "Para onde fores irei
contigo, onde pousares, lá pousarei eu também. Teu povo será o meu povo,
e o teu Deus será o meu Deus” (Rt 1,1.3-6.14b-16.22).
A amizade entre essas duas mulheres é impressionante! Ainda mais,
porque se trata de nora e sogra. Normalmente se diz que nora e sogra dá
briga! O testemunho desta amizade é um alerta pra todos nós! Na
sociedade atual, onde existe tanta falsidade, violência, maldade e
muitas coisas desse gênero é fundamental fazermos um trabalho para
valorizar as verdadeiras amizades. Isso pode e deve começar no
relacionamento de famílias vizinhas. A convivência amigável de pais
incentiva os filhos neste caminho! Creio nisso! Prego isso! Trabalho pra
isso! E que ASSIM SEJA...
ORAÇÃO:
Ó Deus, Pai de Poder!
Pelo Vosso Poder Infinito:
- Não permitas que forças malígnas destruam santas amizades!
- Conservai em nós o valor bíblico das grandes amizades!
- Fazei que haja bom relacionamento entre famílias vizinhas!
- Fortalecei os serviços e pastorais da Igreja, que trabalham em favor da boa concórdia!
- Recebei nossa gratidão pelas verdadeiras amizades...
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