"DO OUTRO LADO DA PAREDE" (Is 65, 17-21).
Pe. Natalício.
Era começo de novembro de 1993. Acontecia uma reunião
do Clero de nossa Diocese de Apucarana na Paróquia Santíssima Trindade
de Arapongas. Dom Domingos, Bispo da época, planejava fazer
transferência de vários Padres. Eu tinha quase 5 anos que estava em São
João do Ivaí e também entrei no "pacote" de transferências. Relutei
muito para aceitar pois estava fazendo um trabalho muito bom! Mas, fui
derrotado pela vontade da maioria dos colegas. Tive pouco mais de três
meses para preparar a minha posse na igreja Bom Jesus de Ivaiporã, onde
estava o Padre Nilson Caetano.
Antes do dia da posse havia fiz um pedido ao pessoal
da Paróquia que não contratasse empregada da casa, pois era meu desejo
que, minha irmã Cassiana, trabalhasse comigo. Além de me ajudar nos
trabalhos, seria uma companhia permanente. Durante doze anos ela ocupou
um dos quartos da casa. Casa grande com muitos quartos. Havia até um
pequeno corredor e salas grandes. No final do corredor estava o meu
quarto e do outro lado da parede , ficava a minha irmã. Foram anos de
muito crescimento e espiritualidade.
Essa convivência gostosa, infelizmente terminou de uma
maneira muito dolorosa. Vítima de um câncer violento, ela sofria demais.
Foram muitas viagens para o Hospital do Câncer em Londrina.
Radioterapia. Quimioterapia. Era sempre um pesadelo... Depois de cada
sessão, ao voltar pra casa, ela vinha acabadinha, um bagacinho. Ela
sofria muitas dores e tinha dificuldades para dormir. Várias vezes
durante a noite eu levantava para dar remédio pra ela. Do outro lado da
parede, podia escutar o seu gemido de dor. Mas havia sempre uma
esperança! Mas no dia 2 de junho de 2006, essa esperança terminou.
Os gemidos de dor da Cassiana, são apenas alguns de
milhares pelo mundo afora. São milhares de gritos e lamentos. Muitos
deles não são nem ouvidos. Porém, a Palavra de Deus anuncia que isso vai
acabar. Lendo o Profeta Isaías encontramos a seguinte passagem: "Eis que eu criarei novos céus e nova terra, coisas passadas serão esquecidas, não voltarão mais à memória. Ao
contrário, haverá alegria e exultação sem fim em razão das coisas que
eu vou criar; farei de Jerusalém a cidade da exultação e um povo cheio
de alegria.
Eu também exulto com Jerusalém e alegro-me com o meu povo; ali nunca mais se ouvirá a voz do pranto e o grito de dor" (Is 65, 17-21).
Essa
Promessa Divina vai acontecer! Quando e como eu não sei. Porém, vai
acontecer! Porque Deus é fiel e não mente! Passe o tempo que passar. Não
podemos perder a esperança. A esperança é a âncora de nossa vida.
Perder a esperança é perder o sentido da vida! Alimentar a esperança do
povo foi a tarefa principal dos Profetas e continua sendo a tarefa mais
importante da Igreja. Tenho consciência de que devo ser alimentador da
esperança! Creio nisso! Prego isso! Trabalho pra isso! E que ASSIM
SEJA...
ORAÇÃO:
Ó Deus, Pai de Poder!
Pelo Vosso Poder Infinito:
- Não permitas que a nossa esperança seja demolida!
- Tornai-nos edificadores da esperança!
- Escutai com Misericórdia o grito do Vosso povo sofredor!
- Perdoai-nos pelas vezes que ficamos indiferentes diante da dor humana!
- Recebei nossos louvores pelas Vossas Santas Promessas!
AMÉM!