"PESCARIA NO PARANAPANEMA" (At 3, 11-26).
Pe. Natalício.
Quando saí da casa de meu pai para ir ao Seminário, morei em
Santo Inácio, uma cidade no extremo norte de Nossa Diocese. Faz divisa
com o Estado de São Paulo. Há vários quilômetros margeando o Rio
Paranapanema. Foram apenas cinco meses (de março à agosto), mas consegui
fazer boas amizades, apesar de ter vindo da vida roceira e da minha
timidez! Algumas famílias, ainda lembro, até hoje. Uma delas é a família
Bragatto e Agostini. Eram os meus primeiros contatos com a vida urbana.
Foi muito sofrido pra mim. Nunca havia posado longe da minha família e
da minha casa. Mas tive que me acostumar!
Aqueles cinco meses foram tão preciosos na minha
aprendizagem! Quanta coisa aprendi naqueles meses! Lembro-me de um
amigo, que me convidou para pescar no paranapanema. Nunca aceitei o
convite, mas, ouvi muitas histórias contadas por ele. Histórias de
pescador! Me lembro de um fato que achei muito interessante: Falou que
os peixinhos, muito pequenininhos que pegava, não devolvia ao rio.
Usava-os como isca, para pegar peixes maiores, inclusive traíras. Por
várias vezes colocava no anzol o peixinho ainda vivo.
O coitadinho saia se debatendo e atraindo peixes maiores.
Cheguei a ter dó do bichinho! Mas pensei também na honra que aquele
peixinho podia sentir ao ser útil para o ser humano ao provocar uma boa
pesca. Fiquei a imaginar como também Deus aproveita a fraqueza de
algumas pessoas para atrair muitos outros. Isso aconteceu com a Mãe de
Jesus, que era uma menina tão simples e humilde, e se tornou causa de
atração para grandes multidões. Também aconteceu com Lázaro que, após a
ressurreição, atraiu muita gente para Jesus.
Mas há uma outra história no livro do Ato dos Apóstolos que
nos chama muita atenção. Trata-se da cura de um paralítico muito
conhecido e que vivia pedindo esmolas na porta principal do Templo (At 3, 11-26).
Quanto vale um paralítico? Pra que serve? Que utilidade tem? João e
Pedro, em nome de Jesus, realizam a cura. E o homem se tornou como uma
"isca saborosa", atraindo muita gente para Cristo. Muitas e muitas
pessoas aproximaram-se da Igreja de Jesus por causa do seu testemunho.
Fica então comprovado que, Deus se serve dos pequenos para evangelizar
os grandes.
Mas essa técnica continua valendo até hoje. Fico a recordar o
que diz o Apóstolo Paulo: "Mas
Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e
Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes"
(1Cor 1, 27). Em nossas comunidades, temos vários testemunhos a respeito
disso. Muitas pessoas insignificantes aos olhos do mundo, mas,
escolhidas e capacitadas por Deus, se tornam peças preciosas na
edificação do Reino. A minha história vocacional, pode ser enquadrada
neste contexto. Pois também era um humilde carpidor de roça e o Senhor
me fez Presbítero da Sua Igreja. Ele convida quem quer, onde quer e do
jeito que quer! Creio nisso! Prego isso! Trabalho pra isso! E que ASSIM
SEJA...
ORAÇÃO:
Ó Deus, Pai de Poder!
Pelo Vosso Poder Infinito:
- Não permitas que discriminemos pessoas simples e humildes!
- Fazei-nos entender o Vosso jeito de atrair as pessoas!
- libertai-nos do preconceito de inferioridade!
- Perdoai-nos pelas vezes que discriminamos os mais fracos!
- Recebei nossos louvores por não desprezar os mais humildes!
AMÉM!
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