"CACHORRO MORTO" (Sb 2, 1a. 12-22).
Pe.
Natalício.
Nos tempos em que morava no Seminário, convivi por três anos com o
Padre Dé e um grupo de Seminaristas. Padre Dé nos preparava para as
situações mais adversas na Missão. Ensinava-nos o desapego e ascese, que
nos dão resistência para viver na pobreza e no serviço. Devíamos estar
sempre prontos pra qualquer obra boa. Padre Dé dizia que devíamos ser
"Missionários da Hora". Sempre dizer SIM a todo chamado para servir!
Nunca fazer "corpo mole" ou inventar desculpas pra não assumir.
Portanto fomos treinados para comer o que fosse oferecido e dormir em
qualquer lugar. Dar o melhor de si no serviço da Igreja. O pão caseiro
era feito por nós mesmos. Nem sempre ficava bom e muitas vezes queimava
a parte de baixo. Mas, o Padre insistia pra que comêssemos tudo, até a
parte torrada! Nunca devíamos deixar restos no prato. Como acontece em
agrupamentos de rapazes, sempre tem uns mais maldosos provocando o
sofrimento nos outros.
Para desafiar o domínio psicológico de alguns Seminaristas mais fracos,
na hora da comida, contávamos as histórias mais nojentas... Essas
histórias provocavam até ânsia de vômito em alguns. Outros chegavam a
retirar-se da mesa para não ouvir. Mas era uma forma de amadurecer nossa
força psicológica. Havia história de defunto, de carniça, de lixo
podre... Uma das mais fortes era a seguinte:
"O mendigo encontrou, numa lata de lixo, três pães velhos e
carunchados. Colocou aqueles pães numa sacola plástica e saiu andando
pelo asfalto. Na beira da pista encontrou um cachorro que estava morto,
fazia vários dias. Tinha a barriga estufada e cheirava mal. O pobre
andarilho se abaixou, abriu a barriga do cachorro e por entre as
costelas, tirava suas entranhas e comia com o pão. Dava tamanha bocada
que chegava a escorrer pelo canto da boca.
Depois de fazer o banquete, percebeu que havia alguns bichinhos de
carniça andando ali pelo chão. Com boa pontaria, espetava os bichinhos e
estourava-os nos dentes; como se fosse sobremesa. Essas e outras tantas
histórias, eram um teste de resistência. De fato, na vida missionária
devemos enfrentar muitas provas e perseguições. Se não estivermos
preparados, fracassaremos na Missão! No Livro da Sabedoria, lemos no
capítulo 2, o que os ímpios preparam para os justos. Armas ciladas e
armadilhas para as pessoas corretas.
Os ímpios sentem-se perseguidos pelo comportamento das pessoas de bem
e provocam-lhes sofrimento para ver se são fortes mesmo: "Se, de fato, o justo é ‘filho de Deus’, Deus o defenderá e o livrará das mãos dos seus inimigos.Vamos pô-lo à prova com ofensas e torturas, para ver a sua serenidade e provar a sua paciência; vamos condená-lo à morte vergonhosa, porque, de acordo com suas palavras, virá alguém em seu socorro" (Sb 2, 1a. 12-22).
Esse tipo de
perseguição normalmente não é tão claro e explícito. Muitas
vezes vem disfarçado, fingido. Pode ser uma oferta de emprego ou
dinheiro fácil. Pode ser uma sedução sexual pra destruir um casamento
feliz. Pode ser uma oferta de um cargo para assumir um alto posto. A
pessoa Sábia deve estar preparada, não para fugir das armadilhas, mas
enfrentá-las com prudência e desarmá-las. Dando o bom testemunho para os
ímpios. Depois de passar pela prova, a pessoa fica mais forte ainda.
Isso contribui para felicidade própria, para a Glória de Deus e para o
bem das pessoas! Creio nisso! Prego isso! Trabalho pra isso! E que ASSIM
SEJA...
ORAÇÃO:
Ó Deus, Pai de Poder!
Pelo Vosso Poder Infinito:
- Não permitas que sejamos fracos perante a maldade dos ímpios!
- Dai-nos resistência e Sabedoria para sempre praticar o bem!
- Libertai-nos das armadilhas das pessoas maldosas!
- Perdoai-nos pelas vezes que prejudicamos ou bloqueamos o caminho das pessoas boas!
- Aceitai nossa gratidão pela força e Sabedoria que nos dais!
AMÉM!
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